domingo, 10 de março de 2013

Valências físicas desenvolvidas, na prática de jiu-jitsu



1.      Introdução


Será apresentado um estudo sobre as valências desenvolvidas em um  praticante de jiu-jitsu.
A tradução de jiu-jitsu é arte-suave, ela começou na Índia (sem data precisa). Foi desenvolvida por monges budistas, pois em suas longas viagens eram atacados constantemente. Como por motivos filosóficos não podiam portar armas, viram-se obrigados a desenvolver um sistema de defesa pessoal que lhes permitisse se salvaguardar sem a necessidade de agredir seu atacante. Dotados de grande conhecimento inclusive de anatomia, os monges desenvolveram um sistema de estrangulamento e alavancas onde usava-se a força do oponente contra ele mesmo. Para se chegar nesta situação de predominância sobre o oponente, na época, na visão dos monges, necessitava de uma ótima harmonia de suas valências físicas, como agilidade, equilíbrio, velocidade de movimentos e flexibilidade.
Com a grande proliferação do jiu-jitsu no mundo e principalmente no Brasil, pelo menos nos últimos 30 anos, o esporte foi se profissionalizando, e esta cada vez mais competitivo. Logo, aparece mais um campo de trabalho para nós, profissionais da Educação Física.
Devido a este motivo, eu como atleta de jiu-jitsu e professor de Educação Física, achei interessante fazer um estudo sobre alguns aspectos da preparação física ligada ao treinamento de jiu-jitsu, pois os atletas desconhecem aspectos importantes como as adaptações fisiológicas que ocorrem no seu organismo, ou sobre a continuidade do treinamento, isto por que são pouquíssimos Mestres e  ou instrutores que tem uma formação acadêmica, ou até conhecimentos sobre fisiologia e treinamento desportivos, portanto apresento o problema como: Quais as principais valências físicas  desenvolvidas na prática de jiu-jitsu.
Contudo, este trabalho tem por finalidade ajudar profissionais que também estão iniciando com trabalho de preparação física específica no jiu-jitsu.
Objetivo Geral: Identificar as valências físicas mais desenvolvidas em praticantes de jiu-jitsu.
Objetivo Específico:

1. Melhorou a sua Resistência Muscular Localizada?
2. Aumentou a sua Força?




  1. Desenvolvimento

2.1   A Luta

A Luta de jiu-jitsu será minuciosamente descrita neste capítulo, para  que seja possível um total entendimento das ações dos lutadores no transcorrer da luta. As lutas são divididas em categorias de peso, faixa e idade.

Peso:
Galo (até 55 Kg);
Pluma (de 55 a 61 Kg);
Pena (de 61 a 67 Kg);
Leve (de 67 a 73 Kg);
Médio (de 73 a 79 Kg);
Meio-pesado (de 79 a 85 Kg);
Pesado (de 85 a 91 Kg);
Superpesado (de 91 a 97 Kg) e
Pesadíssimo (acima de 97 Kg).

Idade:
Pré-mirim (de 4 a 6 anos);
Mirim (de 7 a 9 anos);
Infantil (de 10 a 12 anos);
Infanto-juvenil (de 13 a 15 anos); e
Juvenil (de 16 a 17 anos) e Adulto (acima de 18 anos). 

Faixa:
Branca (5 minutos);
Azul (6 minutos);
Roxa (7 minutos);
Marrom (8 minutos); e
Preta (10 minutos).
De acordo com as classificações estarão dentro do Tatame, área denominada para a luta, apenas os dois atletas, que deverão estar devidamente uniformizados para a luta, ou seja, de Kimono com a sua faixa amarrada a cintura e o juiz. Fora do tatame ficam os mesários marcando os pontos da luta.
A Luta ao sinal do juiz, tem o seu início. Como a luta inicia de pé, e não no chão como é característico do jiu-jitsu, os atletas usufruirão técnicas de quedas no oponente, como no Judô, a fim de deslocar o centro de gravidade do adversário para desequilibra-lo e derruba-lo. Obviamente está luta de pé depende da característica e da tática planejada para a luta. Ocorrendo uma queda a luta tem o seu início no chão. Para a luta ir direto para o chão, um lutador ainda tem o recurso de chamar para a guarda.
A partir daí existem inúmeras situações na luta, é muito difícil haver duas lutas iguais. O que pode ocorrer é que uma luta seja muito parecida com outra, por causa das características apresentadas pelos lutadores. As características que os lutadores apresentam em uma luta são de defensor, que seria o que chamamos de “fazer guarda” ou atacante que é o “passador de guarda”. É importante ressaltar que o bom lutador tem, de saber as duas coisas. atacar e defender e se possível ao mesmo tempo.
O desenvolver da luta no chão será com um lutador fazendo guarda e o outro tentando passar a guarda.
A conceituação de guarda é quando um lutador, na tentativa de defender-se, estando com o dorso no solo, tenta colocar o seu oponente no dentre as suas pernas. Porém este lutador não se defende apenas. Existem inúmeras ataques na guarda, como: raspagens (pé no bíceps, de gancho, de omoplata, etc) que são inversões da posição atacante e defensor, que valem pontos; ou ataques de chave de braço (omoplata, arm-lock, chave de bíceps, kimura, americana, etc.) e estrangulamentos (arapuca, triângulo, ataques de gola, etc.) que se executados com precisão causam a desistência do oponente.
Por outro lado, a conceituação de passagem de guarda dá-se quando um lutador na tentativa de ataque, tenta transpor a guarda do defensor, com muita atenção para não sofrer nenhum dos ataques de guarda mencionados acima. Para isto usará técnicas de passagem de guarda, onde serão citados alguns, pois novamente serão inúmeras: passagem com o joelho cruzado; passagem saltando para o lado oposto; passagem de meia guarda; passagem pegando joelho e manga do mesmo lado e etc.
Ao executar com precisão a passagem de guarda o atacante estará na posição que se chama  100 quilos, onde seu corpo estará na perpendicular ao corpo do adversário na linha do tórax, tentando imobilizá-lo com as costas no chão. Ainda nesta posição pode-se tentar alguns ataques como: joelho na barriga e montada, que valem pontos, ou estrangulamentos e chaves de braço para forçar a desistência do adversário.
A luta é basicamente isto, e como pode-se perceber torna-se muito dinâmica e pode mudar de situação a qualquer momento. Portanto é muito difícil se fazer um esboço de uma luta.
Pela variabilidade e intensidade que a luta pode apresentar será feito um estudo sobre algumas  Valências Físicas de extrema importância para termos êxito. Numa luta utiliza-se todas as valências físicas, porém algumas têm de ser potencializadas, como: Resistência e Força pois sua mescla e dosagem são fundamentais durante a luta. Ainda o Equilíbrio, a Agilidade e a Velocidade são de extrema importância, pois podem definir a luta. Há ainda o treinamento de Flexibilidade, onde desenvolve-se exercícios para se aumentar a amplitude de movimento dos músculos. A Coordenação é treinada genericamente dentro da luta, pois os seus analisadores são muito recrutados.  Ritmo e Descontração são pouco treinados especificamente.



2.2  AS VALÊNCIAS DESENVOLVIDAS

O Jiu-jitsu, que em japonês significa “arte suave”, é um esporte intelectualizado tendo em vista sua complexidade e considerado a luta mais abrangente que existe, pois além de apresentar uma grande variedade de técnicas, tais como golpes traumáticos, golpes nas articulações e estrangulamentos ainda apresenta uma complexidade em relação as valências físicas pois necessita de todas elas ao mesmo tempo e em todos os momentos da luta.
Seu aprendizado é recomendado por médicos, psicólogos e educadores, como integrante da educação, paliativo de tensões psíquicas e fator de desenvolvimento físico. Seus movimentos regulam o controle motor, atuando como efeito de psicomotricidade , autoconfiança, e total controle de si mesmo, condicionando os reflexos, induzindo as decisões rápidas e seguras em situações caóticas e consequentemente desprovendo de complexo os seus praticantes.
As bases fundamentais para um lutador de jiu-jitsu é a destreza, a rapidez e a flexibilidade. Esta luta movimenta todos os músculos do corpo e lança a jogo toda a atenção(mente) e sangue frio. É uma luta que utiliza sistema de alavancas e desequilíbrios, assim o lutador aproveita a força e o movimento do próprio adversário para executar os seus golpes. Uma das vantagens práticas desta luta é que ela auxilia o desenvolvimento da inteligência incute audácia, coragem, confiança na própria força e agilidade.
Portanto, neste capítulo, será descrito as valências relacionadas nas situações de luta e como elas podem ser o diferencial entre dois lutadores.
Como o jiu-jitsu sempre foi considerado a luta mais completa que existe
É porque tem um motivo importantíssimo, diferente das outras lutas: os lutadores de jiu-jitsu necessitam estar com todas as valências em prontidão ao mesmo tempo em todos os momentos da luta. O jiu-jitsu é uma arte. Logo é isto que o torna fascinante.

2.2.1 . VELOCIDADE

Segundo Frey(1977, 349) a velocidade é a capacidade sobre a base da mobilidade dos processos do sistema neuromuscular e da faculdade inerente da musculatura, de desenvolver força, de executar ações motoras em um mínimo espaço de tempo, colocado sob condições mínimas. ( WEINECK, Jürgen 1986, 137)

2.2.1.1  De reação: velocidade que um atleta pode responder a um estímulo
2.2.1.2  Dos membros: capacidade de mover as pernas e braços o tão rápido possível
2.2.1.3  De deslocamento: deslocar de um ponto a outro no menor tempo possível.
Segundo Gomes Tubino (1993, 182), as velocidades são essenciais para os lutadores.
Então é importante para o lutador de jiu-jitsu executar os movimentos sempre com maior velocidade que a de seu adversário, para assim ganhar alguma vantagem, para encaixar golpes como chave de braço, arapuca, raspagens e etc.

2.2.2.  AGILIDADE

“A Agilidade é a qualidade física que permite mudar a posição do corpo no menor tempo possível”. (TUBINO, Gomes 1993, 194)
Esta valência é muito importante na luta inteira, principalmente nas passagens de guarda onde as trocas de posições podem ser constantes.
2.2.3.  EQUILÍBRIO

“Do ponto de vista da física, as condições mecânicas que regem o equilíbrio do corpo humano são iguais as que regem os outros corpos, isto é, todo o corpo esta em equilíbrio, quando não há forças que provoquem movimento de translação ou rotação; ou ainda quando todas as forças atuantes sobre o corpo se anulam, quer dizer, a resultante é igual a zero”. ( BARBANTI, Valdir,1997,143) 

2.2.3.1  Dinâmico: Equilíbrio em movimento.

2.2.3.2  Estático: Equilíbrio conseguido numa determinada posição.

2.2.3.3  Recuperado: Recuperação do equilíbrio numa posição qualquer.
De acordo com Gomes Tubino (1993, 192) o equilíbrio dinâmico, estático e recuperado são valências importantes aos lutadores.
Assim como as velocidades de reação, deslocamento e de membros, agilidade e os equilíbrio estático, dinâmico e recuperado, todos ao mesmo tempo tem um papel imprescindível na luta toda, mas principalmente no início da luta, quando os lutadores começam de pé e no combate tentam deslocar o centro de gravidade um do outro com técnicas de projeção ao solo. Portanto o lutador que não estiver atento o suficiente e que tiver uma destas valências muito inferior em relação ao seu adversário, poderá  Ter uma grande desvantagem.

2.2.4  COORDENAÇÃO

Segundo Barabanti, as capacidades coordenativas são qualidades necessárias para a condução, regulação e execução do movimento. Elas permitem as pessoas identificarem a posição do próprio corpo, ou parte dele em relação a espaço, ou ainda executar corretamente a sincronização dos movimentos da forma mais precisa e econômica.
“As capacidades coordenativas se fundamentam na elaboração da informação e no controle da execução que são desenvolvidos por: analisadores táteis, que informam sobre a pressão nas diferentes partes do corpo; analisadores visuais, que recolhem a imagem do mundo exterior; analisadores estático-dinâmico, que informam sobre a aceleração do corpo, particularmente a posição da cabeça concorrendo desta forma para a manutenção do equilíbrio; analisadores acústicos, por onde recebemos sons e ruídos; e por analisadores cinestésicos, por meios das quais recebemos informações das tensões recebidas pelos músculos”.( BARBANTI, Valdir 1996, 49)
Como pode-se perceber o desenvolvimento das capacidades coordenativas é muito grande no jiu-jitsu, pois em uma luta utiliza-se todos analisadores: Táteis, para segurar no kimono do adversário; Visuais, para ver o deslocamento e as ações do adversário; Estático-Dinâmico, para manter um posicionamento e equilíbrio correto em relação ao adversário. Acústico, para ouvir os instrutores nos momentos da luta; e cinestésicos, para regular a forçados movimentos.

“A IMPORTÂNCIA DAS CAPACIDADES COORDENATIVAS.
1.      Possibilita um repertório mais amplo, mais rico e mais variado.
2.      Abrevia o tempo gasto na aprendizagem de um movimento novo, tornando mais eficaz seu aperfeiçoamento. Quanto mais elevado o nível das capacidades coordenativas, mais depressa e mais seguro são aprendidos movimentos novos e difíceis.
3.      Permite a execução de movimentos idênticos com menor gasto de energético, possibilitando um menor gasto de energia.
4.      Permite maior adaptação e readaptação dos movimentos quando há mudança do ambiente ou de situação”. (BARBANTI, Valdir 1996, 49)
De acordo com estas importâncias nota-se que o desenvolvimento e a melhora das capacidades coordenativas são muito grandes, pois em apenas um dia de treinamento faz-se aproximadamente 4 a 5 lutas, logo utiliza-se todos os analisadores, o que possibilita um aumento nestes 4 itens acima citados. Portanto melhora muito a noção tempo e espaço durante a luta de jiu-jitsu.

2.2.5. FLEXIBILIDADE

Citado por Barbanti(1996,79) a Flexibilidade é definida por Zaciorsky(1972) como “capacidade humana de executar movimentos com grande amplitude de oscilação numa determinada articulação”.
Segundo Barbanti(1996, 80) a flexibilidade é determinada pela capacidade do músculo de inibir o Sistema Nervoso Central, impedindo-o de inibir o movimento de ma articulação.
Para a luta de jiu-jitsu a flexibilidade é muito importante, pois dependendo da amplitude de movimento das articulações pode tornar-se um empecilho muito grande para o adversário. Por exemplo, nas situações de guarda, quanto maior for a amplitude de movimentos da coxo-femural do defensor, maior será a dificuldade do atacante.
“A Flexibilidade é imprescindível para todos os desportos”.(TUBINO, Gomes 1993, 210).
No treinamento de jiu-jitsu, para melhorar e manter os níveis de flexibilidade utiliza-se o alongamento estático.

2.2.6  RESISTÊNCIA

Geralmente entende-se por resistência a capacidade psicofísica do esportista em suportar a fadiga.
Segundo Frey(1977, 351), a resistência psíquica contém a capacidade do esportista de resistir por longo tempo a um estímulo que provocaria o término de uma carga, ao passo que a resistência física consiste na capacidade de todo o organismo ou de sistemas parciais de resistir a fadiga.(WEINECK, Jurgen1986,52)

2.2.6.1  Resistência Muscular Localizada

“ A Resistência Muscular Localizada é a valência que permite condições para que os movimentos sejam continuados, mesmo que a intensidade de contração sejam elevadas, e possam influir negativamente no transporte de oxigênio e na eliminação rápida de produtos tóxicos musculares resultantes”.(TUBINO, Gomes 1993, 207)
Resistência Muscular Localizada permite um atleta realizar no maior tempo possível a realização de um determinado movimento com a mesma eficiência.

2.2.6.2  Resistência Aeróbia

Na resistência Aeróbia, o oxigênio disponível basta para a combustão oxidativa dos suportes energéticos.(WEINECK, Jürgen 1986, 52) 

2.2.6.3. Resistência Anaeróbia


Na resistência Anaeróbia, devido a grande intensidade de carga (seja em termos de alta freqüência motora, ou de maior requisição de força), o suprimento de oxigênio já não é suficiente para a combustão oxidativa, e a energia é mobilizada por via anoxidativa.(WEINECK, Jürgen 1986, 52)
As Resistências tem grande importância em todos os esportes pois proporciona um condicionamento básico para a execução de qualquer atividade física. No jiu-jitsu, não é diferente. Necessita-se de uma boa resistência muscular localizada para executar os inúmeros movimentos repetitivos. Necessita-se de ótima resistência anaeróbia lática(para que não haja intoxicação devido a produção de ácido lático), e alática(bons índices de ATP-CP, devido ao grande número de movimentos com força explosiva). E também uma boa resistência aeróbia pelo desenvolvimento da capacidade funcional do coração e melhoria do transporte do oxigênio pelo aparelho circulatório e nas trocas gasosas.

2.2.7  FORÇA
Segundo Gomes Tubino(1993, 85)existe três tipos especiais de força:
2.2.7.1 Dinâmica: que é a força que envolve as forças dos músculos nos membros em movimento.

2.2.7.2  Estática: é a força com produção de calor, não havendo produção de trabalho em forma de movimento.

2.2.7.3. Explosivo: é a capacidade de exercer o máximo de energia num ato explosivo.
São imprescindíveis na luta de jiu-jitsu, estes três tipos de força:
1.Dinâmica para movimentos continuados como passagens de guarda 
2.Estática para manutenção de alguns golpes em contração isométrica, como ataques de gola, triângulos e chaves de braço.
3.Explosiva para movimentos que necessitam de força com velocidade, como raspagens de guarda e meia guarda e quedas.


2.3  O Treinamento


O treinamento de jiu-jitsu inicia-se logo na primeira aula que possui em média 60 minutos, onde é dividida em 4 partes:
Na primeira parte da aula é feito um aquecimento com alguns exercícios de resistência aeróbios e de movimentação dos membros inferiores e superiores. Também se faz exercícios básicos de coordenação e agilidade, específicos para o jiu-jitsu, como rolamentos, frontais e de costas, para a direita e esquerda, fugas de quadril, e fugas de quadril virando para a posição de 4 apoios. Esta parte tem em torno de 15 minutos.
A segunda parte da aula é voltada aos exercícios físicos, que  são os exercícios de resistência muscular localizada, com exercícios de flexão dos cotovelos e abdominais. Aproximadamente a cada aula são feitos 500 abdominais e 100 flexões dos  cotovelos, intercalando em 5 séries iguais. Ainda se executa 400 exercícios de resistência muscular localizada para o pescoço. Ao final desta parte executa-se uma seqüência de alongamentos para o corpo todo. Toda esta segunda parte  tem em média 15 minutos.
A terceira parte da aula é voltada à técnica e tática, onde o professor  demonstra passo a passo algumas de suas técnicas aos alunos. Quando os alunos ao observarem  a posição (é como chamamos as técnicas) e não tiverem mais nenhuma dúvida, os alunos reunir-se-ão em duplas, sempre um mais graduado com um mais novato, e iniciarão a prática desta nova técnica. Duração em torno de 10 minutos.
A quarta e última parte é quando se  globaliza todo o treinamento feito até o momento. É a luta propriamente dita, onde reunimos o físico o técnico e o tático ao mesmo tempo. A cada aula fazemos aproximadamente 4 ou 5 lutas de 5 a 7 minutos, varia pelo grau e a faixa de cada atleta.
A continuidade das aulas caracteriza o treinamento (Barbanti,1996, p.26)  “A prática de uma atividade física produzirá uma adaptação do organismo que será especifica para esta atividade física”.
Obviamente o atleta iniciante fará a aula de acordo com a sua adaptação ao treinamento, ou seja, gradualmente.(Barbanti,1996, p.24) “A adaptação que acontece no organismo durante a preparação física é determinada pela natureza da sobrecarga, intensidade e volume”.



2.4  A Potencializacão das Valências Forca e Resistência


Mesmo que nos conceitos básicos dos monges budistas o jiu-jitsu não necessitava do uso excessivo das valências Força e Resistência, onde só as alavancas e estrangulamentos já imobilizava seu oponente. Hoje com a grande proliferação do esporte jiu-jitsu, tanto no Brasil, como no mundo, este se tornou muito competitivo e por conseqüência está cada vez mais profissional.
Esta profissionalização tornou o jiu-jitsu multifatorial, onde um competidor de alto nível usufrui de recursos como nutricionistas, endócrinologistas, aulas de flexibilidade e Yoga e principalmente, além do treinamento de jiu-jitsu, uma preparação física específica para o esporte.
Por este motivo é inegável que o uso das valências Força e Resistência, hoje em dia no jiu-jitsu competitivo, são imprescindíveis. Portanto contrariando a filosofia dos monges budistas, faz-se um treinamento de força dinâmica, estática e explosiva e resistência muscular localizada, resistência anaeróbia láctica e aláctica devido as situações da própria luta.
Portanto como pode-se perceber neste trabalho, no Treinamento e na própria Luta procura-se desenvolver e treinar todos as valências necessárias para ser um lutador completo. Logo devido a continuidade do treinamento (aproximadamente 5 vezes por semana) e das lutas (aproximadamente 4 lutas por treino)nota-se  uma melhora na resistência muscular localizada devido a quantidade de exercícios deste tipo são feitos em um dia de treinamento.
Segundo Jürgen Weineck: “A resistência muscular localizada  representa, porcentualmente a forma de solicitação motora mais claramente passível de treinamento: seu valor inicial, encontrado em indivíduos não treinados, pode aumentar em várias vezes, cem até mil por cento”. (HOLLMANN-HETTINGER 1980, 346)
E também nota-se um aumento da Força, pois segundo Katch, Katch (1998, 404) o treinamento progressivo com pesos como resistência e o treinamento isométrico são sistemas comuns de exercícios utilizados para treinar os músculos afim de se tornarem mais fortes. Segundo Jürgen Weineck: O tempo de tensão ótima situa-se entre 6 e 8 segundos.(WERCHOSHANKIJ, 1974,123)
Como pode-se perceber, em apenas uma luta, ocorre estes dois tipos de treinamento de força intensamente.
Há ainda o exemplo em que um lutador  executa inúmeras vezes uma repetição máxima (1-RM )(que significa a quantidade máxima de peso levantado uma única vez), que segundo Katch, Katch (1998, 405) a realização de 3-RM a  12-RM constitui o número mais eficiente de repetições para aumentar a força muscular. Na luta de jiu-jitsu esta repetição máxima ocorre quando um lutador ao se defrontar com um adversário mais forte, executará movimentos com o máximo de sua força.



3.     Conclusão


Devido ser uma área de pouca pesquisa e ainda o mínimo de conhecimento das pessoas da área, achei importante fazer com que este trabalho tivesse como Objetivo esclarecer dúvidas sobre as valências físicas desenvolvidas em lutadores de jiu-jitsu.
Ao jiu-jitsu, compete orientar o atleta através do esporte, para formar o homem do amanhã, bem constituído físico, moral  e intelectualmente, pois, antes de lembrarmos do jiu-jitsu devemos lembrar que acima de tudo este é um meio educador.
Mesmo que a luta seja basicamente desequilíbrios e alavancas, onde Agilidade, Velocidade e Equilíbrio são importantíssimos, é inegável que a Força e a Resistência podem ser o diferencial  entre dois lutadores.  Por que a luta tem  predominância de Força Dinâmica (anaeróbico Lático), logo deve-se ter uma resistência desta por causa da acidose lática pois pode ocorrer uma intoxicação na musculatura do lutador. Logo no treinamento de jiu-jitsu há muitas simulações e treinos específicos de luta para que haja uma adaptação no organismo, afim de que tenha mais capacidade de resistir ao ácido lático. Com menos predominância mas também importantes, a Força Explosiva (anaeróbico alático) adaptada ao treinamento nos exercícios específicos e na própria luta tem alterações em repouso: um aumento nas concentrações de ATP(25%), Creatina-Fosfato(60%) Creatina(35%) e Glicogênio(32%) e ainda aumenta a atividade enzimática, ressintese de ácido láctico e reservas alcalinas, tornando também o organismo capaz de suportar níveis mais elevados de ácido lático no sangue; Força Estática, devido a grande quantidade de contrações Isométricas. A Resistência Muscular Localizada tem uma boa melhora devido a sua quantidade de treinamento e sua ótima adaptação.

5 comentários:

  1. Bom dia , teria como disponibilizar esse artigo original acima , gostei bastante do post , obg .

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  2. gerreiro! vou replicar o companheiro a cima,estou fazendo um tcc sobre o jiu, se tiver como enviar o artigo para esse e-mail, ficarei grato: cadmielmoreira@gmail.com

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  3. Boa noite, perfeito guerreiro essa sua colocação do jui.Poderia me enviar pra eu ler por completo todas as colocações da arte do jui jitsu . Obrigado fica aguardando.

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