1.
Introdução
Será apresentado um estudo sobre as valências desenvolvidas em um praticante de jiu-jitsu.
A tradução
de jiu-jitsu é arte-suave, ela começou na Índia (sem data precisa). Foi
desenvolvida por monges budistas, pois em suas longas viagens eram atacados
constantemente. Como por motivos filosóficos não podiam portar armas, viram-se
obrigados a desenvolver um sistema de defesa pessoal que lhes permitisse se
salvaguardar sem a necessidade de agredir seu atacante. Dotados de grande
conhecimento inclusive de anatomia, os monges desenvolveram um sistema de
estrangulamento e alavancas onde usava-se a força do oponente contra ele mesmo.
Para se chegar nesta situação de predominância sobre o oponente, na época, na
visão dos monges, necessitava de uma ótima harmonia de suas valências físicas,
como agilidade, equilíbrio, velocidade de movimentos e flexibilidade.
Com a grande
proliferação do jiu-jitsu no mundo e principalmente no Brasil, pelo menos nos
últimos 30 anos, o esporte foi se profissionalizando, e esta cada vez mais
competitivo. Logo, aparece mais um campo de trabalho para nós,
profissionais da Educação Física.
Devido
a este motivo, eu como atleta de jiu-jitsu e professor de Educação Física, achei
interessante fazer um estudo sobre alguns aspectos da preparação física ligada
ao treinamento de jiu-jitsu, pois os atletas desconhecem aspectos importantes
como as adaptações fisiológicas que ocorrem no seu organismo, ou sobre a
continuidade do treinamento, isto por que são pouquíssimos Mestres e ou instrutores que tem uma formação
acadêmica, ou até conhecimentos sobre fisiologia e treinamento desportivos,
portanto apresento o problema como: Quais as principais valências
físicas desenvolvidas na prática de
jiu-jitsu.
Contudo, este
trabalho tem por finalidade ajudar profissionais que também estão iniciando com
trabalho de preparação física específica no jiu-jitsu.
Objetivo Geral:
Identificar as valências físicas mais desenvolvidas em praticantes de
jiu-jitsu.
Objetivo Específico:
1. Melhorou a sua
Resistência Muscular Localizada?
2. Aumentou a sua
Força?
- Desenvolvimento
2.1 A Luta
A Luta de
jiu-jitsu será minuciosamente descrita neste capítulo, para que seja possível um total entendimento das
ações dos lutadores no transcorrer da luta. As lutas são divididas em categorias
de peso, faixa e idade.
Peso:
Galo (até 55 Kg);
Pluma (de 55 a 61
Kg);
Pena (de 61 a 67 Kg);
Leve (de 67 a 73 Kg);
Médio (de 73 a 79
Kg);
Meio-pesado (de 79 a
85 Kg);
Pesado (de 85 a 91
Kg);
Superpesado (de 91 a
97 Kg) e
Pesadíssimo (acima de
97 Kg).
Idade:
Pré-mirim (de 4 a
6 anos);
Mirim (de 7 a 9
anos);
Infantil (de 10 a 12
anos);
Infanto-juvenil (de
13 a 15 anos); e
Juvenil (de 16 a 17
anos) e Adulto (acima de 18 anos).
Faixa:
Branca (5 minutos);
Azul (6 minutos);
Roxa (7 minutos);
Marrom (8 minutos); e
Preta (10 minutos).
De acordo com as
classificações estarão dentro do Tatame, área denominada para a luta, apenas os
dois atletas, que deverão estar devidamente uniformizados para a luta, ou seja,
de Kimono com a sua faixa amarrada a cintura e o juiz. Fora do tatame ficam os
mesários marcando os pontos da luta.
A Luta ao sinal do
juiz, tem o seu início. Como a luta inicia de pé, e não no chão como é
característico do jiu-jitsu, os atletas usufruirão técnicas de quedas no
oponente, como no Judô, a fim de deslocar o centro de gravidade do adversário
para desequilibra-lo e derruba-lo. Obviamente está luta de pé depende da
característica e da tática planejada para a luta. Ocorrendo uma queda a luta
tem o seu início no chão. Para a luta ir direto para o chão, um lutador ainda
tem o recurso de chamar para a guarda.
A partir daí existem
inúmeras situações na luta, é muito difícil haver duas lutas iguais. O que pode
ocorrer é que uma luta seja muito parecida com outra, por causa das características
apresentadas pelos lutadores. As características que os lutadores apresentam em
uma luta são de defensor, que seria o que chamamos de “fazer guarda” ou
atacante que é o “passador de guarda”. É importante ressaltar que o bom lutador
tem, de saber as duas coisas. atacar e defender e se possível ao mesmo tempo.
O desenvolver da luta
no chão será com um lutador fazendo guarda e o outro tentando passar a guarda.
A conceituação de
guarda é quando um lutador, na tentativa de defender-se, estando com o dorso no
solo, tenta colocar o seu oponente no dentre as suas pernas. Porém este lutador
não se defende apenas. Existem inúmeras ataques na guarda, como: raspagens (pé
no bíceps, de gancho, de omoplata, etc) que são inversões da posição atacante e
defensor, que valem pontos; ou ataques de chave de braço (omoplata, arm-lock,
chave de bíceps, kimura, americana, etc.) e estrangulamentos (arapuca,
triângulo, ataques de gola, etc.) que se executados com precisão causam a
desistência do oponente.
Por outro lado, a
conceituação de passagem de guarda dá-se quando um lutador na tentativa de
ataque, tenta transpor a guarda do defensor, com muita atenção para não sofrer
nenhum dos ataques de guarda mencionados acima. Para isto usará técnicas de
passagem de guarda, onde serão citados alguns, pois novamente serão inúmeras:
passagem com o joelho cruzado; passagem saltando para o lado oposto; passagem
de meia guarda; passagem pegando joelho e manga do mesmo lado e etc.
Ao executar com
precisão a passagem de guarda o atacante estará na posição que se chama 100 quilos, onde seu corpo estará na
perpendicular ao corpo do adversário na linha do tórax, tentando imobilizá-lo
com as costas no chão. Ainda nesta posição pode-se tentar alguns ataques como:
joelho na barriga e montada, que valem pontos, ou estrangulamentos e chaves de
braço para forçar a desistência do adversário.
A luta é basicamente
isto, e como pode-se perceber torna-se muito dinâmica e pode mudar de situação
a qualquer momento. Portanto é muito difícil se fazer um esboço de uma luta.
Pela variabilidade e
intensidade que a luta pode apresentar será feito um estudo sobre algumas Valências Físicas de extrema importância para
termos êxito. Numa luta utiliza-se todas as valências físicas, porém algumas
têm de ser potencializadas, como: Resistência e Força pois sua mescla e dosagem
são fundamentais durante a luta. Ainda o Equilíbrio, a Agilidade e a Velocidade
são de extrema importância, pois podem definir a luta. Há ainda o treinamento
de Flexibilidade, onde desenvolve-se exercícios para se aumentar a amplitude de
movimento dos músculos. A Coordenação é treinada genericamente dentro da luta,
pois os seus analisadores são muito recrutados.
Ritmo e Descontração são pouco treinados especificamente.
2.2 AS VALÊNCIAS DESENVOLVIDAS
O Jiu-jitsu, que em
japonês significa “arte suave”, é um esporte intelectualizado tendo em vista
sua complexidade e considerado a luta mais abrangente que existe, pois além de
apresentar uma grande variedade de técnicas, tais como golpes traumáticos,
golpes nas articulações e estrangulamentos ainda apresenta uma complexidade em
relação as valências físicas pois necessita de todas elas ao mesmo tempo e em
todos os momentos da luta.
Seu aprendizado é
recomendado por médicos, psicólogos e educadores, como integrante da educação,
paliativo de tensões psíquicas e fator de desenvolvimento físico. Seus
movimentos regulam o controle motor, atuando como efeito de psicomotricidade ,
autoconfiança, e total controle de si mesmo, condicionando os reflexos, induzindo
as decisões rápidas e seguras em situações caóticas e consequentemente
desprovendo de complexo os seus praticantes.
As bases fundamentais
para um lutador de jiu-jitsu é a destreza, a rapidez e a flexibilidade. Esta
luta movimenta todos os músculos do corpo e lança a jogo toda a atenção(mente)
e sangue frio. É uma luta que utiliza sistema de alavancas e desequilíbrios,
assim o lutador aproveita a força e o movimento do próprio adversário para
executar os seus golpes. Uma das vantagens práticas desta luta é que ela
auxilia o desenvolvimento da inteligência incute audácia, coragem, confiança na
própria força e agilidade.
Portanto, neste
capítulo, será descrito as valências relacionadas nas situações de luta e como
elas podem ser o diferencial entre dois lutadores.
Como o jiu-jitsu
sempre foi considerado a luta mais completa que existe
É porque tem um
motivo importantíssimo, diferente das outras lutas: os lutadores de jiu-jitsu
necessitam estar com todas as valências em prontidão ao mesmo tempo em todos os
momentos da luta. O jiu-jitsu é uma arte. Logo é isto que o torna fascinante.
2.2.1
. VELOCIDADE
Segundo Frey(1977,
349) a velocidade é a capacidade sobre a base da mobilidade dos processos do
sistema neuromuscular e da faculdade inerente da musculatura, de desenvolver
força, de executar ações motoras em um mínimo espaço de tempo, colocado sob
condições mínimas. ( WEINECK, Jürgen 1986, 137)
2.2.1.1 De reação: velocidade que um atleta pode
responder a um estímulo
2.2.1.2 Dos membros: capacidade de mover as pernas e
braços o tão rápido possível
2.2.1.3 De deslocamento: deslocar de um ponto a outro no
menor tempo possível.
Segundo Gomes Tubino
(1993, 182), as velocidades são essenciais para os lutadores.
Então é importante
para o lutador de jiu-jitsu executar os movimentos sempre com maior velocidade
que a de seu adversário, para assim ganhar alguma vantagem, para encaixar
golpes como chave de braço, arapuca, raspagens e etc.
2.2.2. AGILIDADE
“A Agilidade é a
qualidade física que permite mudar a posição do corpo no menor tempo possível”.
(TUBINO, Gomes 1993, 194)
Esta valência é muito
importante na luta inteira, principalmente nas passagens de guarda onde as
trocas de posições podem ser constantes.
2.2.3. EQUILÍBRIO
“Do ponto de vista da
física, as condições mecânicas que regem o equilíbrio do corpo humano são
iguais as que regem os outros corpos, isto é, todo o corpo esta em equilíbrio,
quando não há forças que provoquem movimento de translação ou rotação; ou ainda
quando todas as forças atuantes sobre o corpo se anulam, quer dizer, a
resultante é igual a zero”. ( BARBANTI, Valdir,1997,143)
2.2.3.1 Dinâmico: Equilíbrio em movimento.
2.2.3.2 Estático: Equilíbrio conseguido numa
determinada posição.
2.2.3.3 Recuperado: Recuperação do equilíbrio numa
posição qualquer.
De acordo
com Gomes Tubino (1993, 192) o equilíbrio dinâmico, estático e recuperado são
valências importantes aos lutadores.
Assim como as
velocidades de reação, deslocamento e de membros, agilidade e os equilíbrio
estático, dinâmico e recuperado, todos ao mesmo tempo tem um papel
imprescindível na luta toda, mas principalmente no início da luta, quando os
lutadores começam de pé e no combate tentam deslocar o centro de gravidade um
do outro com técnicas de projeção ao solo. Portanto o lutador que não estiver
atento o suficiente e que tiver uma destas valências muito inferior em relação
ao seu adversário, poderá Ter uma grande
desvantagem.
2.2.4 COORDENAÇÃO
Segundo Barabanti, as
capacidades coordenativas são qualidades necessárias para a condução, regulação
e execução do movimento. Elas permitem as pessoas identificarem a posição do
próprio corpo, ou parte dele em relação a espaço, ou ainda executar
corretamente a sincronização dos movimentos da forma mais precisa e econômica.
“As capacidades
coordenativas se fundamentam na elaboração da informação e no controle da
execução que são desenvolvidos por: analisadores táteis, que informam sobre a
pressão nas diferentes partes do corpo; analisadores visuais, que recolhem a
imagem do mundo exterior; analisadores estático-dinâmico, que informam sobre a
aceleração do corpo, particularmente a posição da cabeça concorrendo desta
forma para a manutenção do equilíbrio; analisadores acústicos, por onde
recebemos sons e ruídos; e por analisadores cinestésicos, por meios das quais
recebemos informações das tensões recebidas pelos músculos”.( BARBANTI, Valdir
1996, 49)
Como pode-se perceber
o desenvolvimento das capacidades coordenativas é muito grande no jiu-jitsu,
pois em uma luta utiliza-se todos analisadores: Táteis, para segurar no kimono
do adversário; Visuais, para ver o deslocamento e as ações do adversário;
Estático-Dinâmico, para manter um posicionamento e equilíbrio correto em
relação ao adversário. Acústico, para ouvir os instrutores nos momentos da
luta; e cinestésicos, para regular a forçados movimentos.
“A IMPORTÂNCIA DAS
CAPACIDADES COORDENATIVAS.
1. Possibilita um repertório mais
amplo, mais rico e mais variado.
2. Abrevia o tempo gasto na
aprendizagem de um movimento novo, tornando mais eficaz seu aperfeiçoamento.
Quanto mais elevado o nível das capacidades coordenativas, mais depressa e mais
seguro são aprendidos movimentos novos e difíceis.
3. Permite a execução de movimentos
idênticos com menor gasto de energético, possibilitando um menor gasto de
energia.
4. Permite maior adaptação e
readaptação dos movimentos quando há mudança do ambiente ou de situação”.
(BARBANTI, Valdir 1996, 49)
De acordo com estas
importâncias nota-se que o desenvolvimento e a melhora das capacidades
coordenativas são muito grandes, pois em apenas um dia de treinamento faz-se
aproximadamente 4 a 5 lutas, logo utiliza-se todos os analisadores, o que
possibilita um aumento nestes 4 itens acima citados. Portanto melhora muito a
noção tempo e espaço durante a luta de jiu-jitsu.
2.2.5.
FLEXIBILIDADE
Citado por
Barbanti(1996,79) a Flexibilidade é definida por Zaciorsky(1972) como
“capacidade humana de executar movimentos com grande amplitude de oscilação
numa determinada articulação”.
Segundo
Barbanti(1996, 80) a flexibilidade é determinada pela capacidade do músculo de
inibir o Sistema Nervoso Central, impedindo-o de inibir o movimento de ma
articulação.
Para a luta de
jiu-jitsu a flexibilidade é muito importante, pois dependendo da amplitude de
movimento das articulações pode tornar-se um empecilho muito grande para o
adversário. Por exemplo, nas situações de guarda, quanto maior for a amplitude
de movimentos da coxo-femural do defensor, maior será a dificuldade do
atacante.
“A Flexibilidade é
imprescindível para todos os desportos”.(TUBINO, Gomes 1993, 210).
No treinamento de
jiu-jitsu, para melhorar e manter os níveis de flexibilidade utiliza-se o
alongamento estático.
2.2.6 RESISTÊNCIA
Geralmente entende-se
por resistência a capacidade psicofísica do esportista em suportar a fadiga.
Segundo Frey(1977,
351), a resistência psíquica contém a capacidade do esportista de resistir por
longo tempo a um estímulo que provocaria o término de uma carga, ao passo que a
resistência física consiste na capacidade de todo o organismo ou de sistemas
parciais de resistir a fadiga.(WEINECK, Jurgen1986,52)
2.2.6.1 Resistência Muscular Localizada
“ A Resistência
Muscular Localizada é a valência que permite condições para que os movimentos
sejam continuados, mesmo que a intensidade de contração sejam elevadas, e
possam influir negativamente no transporte de oxigênio e na eliminação rápida
de produtos tóxicos musculares resultantes”.(TUBINO, Gomes 1993, 207)
Resistência Muscular
Localizada permite um atleta realizar no maior tempo possível a realização de
um determinado movimento com a mesma eficiência.
2.2.6.2 Resistência Aeróbia
Na resistência
Aeróbia, o oxigênio disponível basta para a combustão oxidativa dos suportes
energéticos.(WEINECK, Jürgen 1986, 52)
2.2.6.3.
Resistência Anaeróbia
Na resistência Anaeróbia, devido a grande intensidade de carga (seja em
termos de alta freqüência motora, ou de maior requisição de força), o
suprimento de oxigênio já não é suficiente para a combustão oxidativa, e a
energia é mobilizada por via anoxidativa.(WEINECK, Jürgen 1986, 52)
As Resistências tem grande importância em todos os esportes pois
proporciona um condicionamento básico para a execução de qualquer atividade
física. No jiu-jitsu, não é diferente. Necessita-se de uma boa resistência
muscular localizada para executar os inúmeros movimentos repetitivos.
Necessita-se de ótima resistência anaeróbia lática(para que não haja
intoxicação devido a produção de ácido lático), e alática(bons índices de
ATP-CP, devido ao grande número de movimentos com força explosiva). E também
uma boa resistência aeróbia pelo desenvolvimento da capacidade funcional do
coração e melhoria do transporte do oxigênio pelo aparelho circulatório e nas
trocas gasosas.
2.2.7 FORÇA
Segundo Gomes Tubino(1993,
85)existe três tipos especiais de força:
2.2.7.1
Dinâmica:
que é a força que envolve as forças dos músculos nos membros em movimento.
2.2.7.2 Estática: é a força com produção de
calor, não havendo produção de trabalho em forma de movimento.
2.2.7.3. Explosivo: é a
capacidade de exercer o máximo de energia num ato explosivo.
São imprescindíveis
na luta de jiu-jitsu, estes três tipos de força:
1.Dinâmica para
movimentos continuados como passagens de guarda
2.Estática para
manutenção de alguns golpes em contração isométrica, como ataques de gola,
triângulos e chaves de braço.
3.Explosiva para
movimentos que necessitam de força com velocidade, como raspagens de guarda e
meia guarda e quedas.
2.3 O Treinamento
O treinamento de
jiu-jitsu inicia-se logo na primeira aula que possui em média 60 minutos, onde
é dividida em 4 partes:
Na primeira parte da
aula é feito um aquecimento com alguns exercícios de resistência aeróbios e de
movimentação dos membros inferiores e superiores. Também se faz exercícios
básicos de coordenação e agilidade, específicos para o jiu-jitsu, como
rolamentos, frontais e de costas, para a direita e esquerda, fugas de quadril,
e fugas de quadril virando para a posição de 4 apoios. Esta parte tem em torno
de 15 minutos.
A segunda parte da aula é voltada aos exercícios
físicos, que são os exercícios de
resistência muscular localizada, com exercícios de flexão dos cotovelos e
abdominais. Aproximadamente a cada aula são feitos 500 abdominais e 100 flexões
dos cotovelos, intercalando em 5 séries
iguais. Ainda se executa 400 exercícios de resistência muscular localizada para
o pescoço. Ao final desta parte executa-se uma seqüência de alongamentos para o
corpo todo. Toda esta segunda parte tem em
média 15 minutos.
A
terceira parte da aula é voltada à técnica e tática, onde o professor demonstra passo a passo algumas de suas
técnicas aos alunos. Quando os alunos ao observarem a posição (é como chamamos as técnicas) e não
tiverem mais nenhuma dúvida, os alunos reunir-se-ão em duplas, sempre um mais
graduado com um mais novato, e iniciarão a prática desta nova técnica. Duração
em torno de 10 minutos.
A quarta e última
parte é quando se globaliza todo o
treinamento feito até o momento. É a luta propriamente dita, onde reunimos o
físico o técnico e o tático ao mesmo tempo. A cada aula fazemos aproximadamente
4 ou 5 lutas de 5 a 7 minutos, varia pelo grau e a faixa de cada atleta.
A continuidade das
aulas caracteriza o treinamento (Barbanti,1996, p.26) “A prática de uma atividade física produzirá
uma adaptação do organismo que será especifica para esta atividade física”.
Obviamente o atleta
iniciante fará a aula de acordo com a sua adaptação ao treinamento, ou seja,
gradualmente.(Barbanti,1996, p.24) “A adaptação que acontece no organismo durante
a preparação física é determinada pela natureza da sobrecarga, intensidade e
volume”.
2.4 A Potencializacão das
Valências Forca e Resistência
Mesmo que nos
conceitos básicos dos monges budistas o jiu-jitsu não necessitava do uso
excessivo das valências Força e Resistência, onde só as alavancas e
estrangulamentos já imobilizava seu oponente. Hoje com a grande proliferação do
esporte jiu-jitsu, tanto no Brasil, como no mundo, este se tornou muito
competitivo e por conseqüência está cada vez mais profissional.
Esta
profissionalização tornou o jiu-jitsu multifatorial, onde um competidor de alto
nível usufrui de recursos como nutricionistas, endócrinologistas, aulas de
flexibilidade e Yoga e principalmente, além do treinamento de jiu-jitsu, uma
preparação física específica para o esporte.
Por este motivo é
inegável que o uso das valências Força e Resistência, hoje em dia no jiu-jitsu
competitivo, são imprescindíveis. Portanto contrariando a filosofia dos monges
budistas, faz-se um treinamento de força dinâmica, estática e explosiva e
resistência muscular localizada, resistência anaeróbia láctica e aláctica
devido as situações da própria luta.
Portanto como pode-se
perceber neste trabalho, no Treinamento e na própria Luta procura-se
desenvolver e treinar todos as valências necessárias para ser um lutador
completo. Logo devido a continuidade do treinamento (aproximadamente 5 vezes
por semana) e das lutas (aproximadamente 4 lutas por treino)nota-se uma melhora na resistência muscular
localizada devido a quantidade de exercícios deste tipo são feitos em um dia de
treinamento.
Segundo Jürgen
Weineck: “A resistência muscular localizada
representa, porcentualmente a forma de solicitação motora mais
claramente passível de treinamento: seu valor inicial, encontrado em indivíduos
não treinados, pode aumentar em várias vezes, cem até mil por cento”.
(HOLLMANN-HETTINGER 1980, 346)
E também nota-se um
aumento da Força, pois segundo Katch, Katch (1998, 404) o treinamento
progressivo com pesos como resistência e o treinamento isométrico são sistemas
comuns de exercícios utilizados para treinar os músculos afim de se tornarem
mais fortes. Segundo Jürgen Weineck: O tempo de tensão ótima situa-se entre 6 e
8 segundos.(WERCHOSHANKIJ, 1974,123)
Como pode-se perceber, em apenas uma luta, ocorre
estes dois tipos de treinamento de força intensamente.
Há ainda o exemplo em
que um lutador executa inúmeras vezes
uma repetição máxima (1-RM )(que significa a quantidade máxima de peso
levantado uma única vez), que segundo Katch, Katch (1998, 405) a realização de
3-RM a 12-RM constitui o número mais
eficiente de repetições para aumentar a força muscular. Na luta de jiu-jitsu
esta repetição máxima ocorre quando um lutador ao se defrontar com um
adversário mais forte, executará movimentos com o máximo de sua força.
3.
Conclusão
Devido ser uma área
de pouca pesquisa e ainda o mínimo de conhecimento das pessoas da área, achei
importante fazer com que este trabalho tivesse como Objetivo esclarecer dúvidas
sobre as valências físicas desenvolvidas em lutadores de jiu-jitsu.
Ao jiu-jitsu, compete
orientar o atleta através do esporte, para formar o homem do amanhã, bem
constituído físico, moral e
intelectualmente, pois, antes de lembrarmos do jiu-jitsu devemos lembrar que
acima de tudo este é um meio educador.
Mesmo que a luta seja
basicamente desequilíbrios e alavancas, onde Agilidade, Velocidade e Equilíbrio
são importantíssimos, é inegável que a Força e a Resistência podem ser o
diferencial entre dois lutadores. Por que a luta tem predominância de Força Dinâmica (anaeróbico
Lático), logo deve-se ter uma resistência desta por causa da acidose lática
pois pode ocorrer uma intoxicação na musculatura do lutador. Logo no
treinamento de jiu-jitsu há muitas simulações e treinos específicos de luta
para que haja uma adaptação no organismo, afim de que tenha mais capacidade de
resistir ao ácido lático. Com menos predominância mas também importantes, a
Força Explosiva (anaeróbico alático) adaptada ao treinamento nos exercícios
específicos e na própria luta tem alterações em repouso: um aumento nas
concentrações de ATP(25%), Creatina-Fosfato(60%) Creatina(35%) e
Glicogênio(32%) e ainda aumenta a atividade enzimática, ressintese de ácido
láctico e reservas alcalinas, tornando também o organismo capaz de suportar
níveis mais elevados de ácido lático no sangue; Força Estática, devido a grande
quantidade de contrações Isométricas. A Resistência Muscular Localizada tem uma
boa melhora devido a sua quantidade de treinamento e sua ótima adaptação.
Bom dia , teria como disponibilizar esse artigo original acima , gostei bastante do post , obg .
ResponderExcluirgerreiro! vou replicar o companheiro a cima,estou fazendo um tcc sobre o jiu, se tiver como enviar o artigo para esse e-mail, ficarei grato: cadmielmoreira@gmail.com
ResponderExcluirBoa noite, perfeito guerreiro essa sua colocação do jui.Poderia me enviar pra eu ler por completo todas as colocações da arte do jui jitsu . Obrigado fica aguardando.
ResponderExcluirLengondom@yahoo.com.br
ExcluirExcelente artigo, parabéns
ResponderExcluir